CPMF Volta em 2026? Entenda o Imposto Sobre Movimentações Financeiras - Brasil
CPMF Volta em 2026? Entenda o Imposto Sobre Movimentações Financeiras - Brasil
Todo fim de ano a mesma angústia bate na porta do brasileiro: “Será que vem mais imposto aí?”. Em 2025, o fantasma da CPMF voltou a circular nos grupos de WhatsApp, nas conversas de bar e nas timelines — agora com data marcada: 2026. A história é velha conhecida: governo precisando fechar as contas, oposição gritando “novo imposto do cheque”, população em pânico achando que o Pix vai ser taxado. Eu mesmo recebi dezenas de mensagens de leitores desesperados perguntando se precisam correr para sacar tudo em dinheiro antes que o Leão coloque a pata em cada transferência.
Calma. Respira fundo. Até novembro de 2025, não existe nenhum projeto de lei, medida provisória ou emenda constitucional tramitando que recrie a CPMF ou qualquer imposto semelhante sobre movimentações financeiras em 2026. O que existe é a implementação da reforma tributária (PEC 45/2019, regulamentada pela LC 214/2025), que cria o IVA dual (CBS + IBS), mas NÃO taxa transação bancária, saque ou Pix. O que o governo fez foi usar o IOF como ajuste pontual de caixa — e mesmo assim recuou quando viu o tamanho da reação negativa.
Neste artigo vamos desmontar o boato, mostrar por que ele volta sempre, explicar o que realmente muda em 2026 e, principalmente, dar ferramentas práticas para você não ser pego desprevenido — seja qual for o cenário tributário que vier.
O Que Foi a CPMF e Por Que Ela Deixa Trauma Até Hoje
A Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira nasceu em 1997 como CPMF (depois virou CPMF mesmo, perdendo o “Imposto” no nome para parecer menos pesado). A alíquota máxima chegou a 0,38%. Todo saque, transferência, pagamento de boleto ou cheque era taxado. Entre 1997 e 2007 arrecadou R$ 223 bilhões (valores da época). O discurso oficial era “é só para a saúde”. Na prática, menos de 40% foi efetivamente para o SUS nos últimos anos.
O imposto era regressivo: quem movimentava mais dinheiro pagava mais em valor absoluto, mas proporcionalmente quem ganhava menos era mais penalizado, porque o custo fixo da transação corroía mais a renda baixa. Resultado: o brasileiro aprendeu a fazer “malabarismos” financeiros — saques maiores, pagamento em dinheiro vivo, uso de doleiros — tudo para fugir da mordida.
Em 2007 o Senado derrubou a prorrogação por 45 a 34. Desde então, toda vez que o governo precisa de dinheiro extra, alguém sussurra “CPMF” e o país inteiro treme.
2025: O Que Realmente Aconteceu (e Por Que Pareceu CPMF)
Em maio/junho de 2025 o governo editou MP que aumentava alíquotas de IOF para compensar perdas com a folha de pagamento. A imprensa chamou de “MP do IOF. Não era CPMF disfarçada, mas o cheiro era parecido: taxava operações financeiras. A reação foi tão negativa que a MP caducou em outubro de 2025. Haddad então enviou dois projetos de lei para 2026 que não recriam CPMF nem taxam Pix ou saques em dinheiro.
Em novembro de 2025 não há nenhum projeto tramitando que recrie CPMF ou imposto sobre movimentações financeiras. O próprio Ministério da Fazenda já desmentiu várias vezes em 2025 que o Pix será taxado. O que está em vigorando é a reforma tributária aprovada em 2023 e regulamentada em 2025 (LC 214/2025).
Reforma Tributária 2026–2033: O Que Realmente Muda
A partir de 2026 começa a transição para o IVA dual:
- 2026: alíquotas de teste de 0,9% CBS e 0,1% IBS (apenas para calibração do sistema).
- 2027: CBS entra em vigor substituindo PIS/Cofins.
- 2029–2032: redução gradual do ICMS/ISS e aumento do IBS.
- 2033: extinção total de PIS, Cofins, ICMS, ISS e IPI. Apenas CBS + IBS + Imposto Seletivo (sobre produtos nocivos).
Não há taxa sobre movimentação financeira. O imposto incide sobre o valor agregado (venda de bens e serviços), com crédito pleno — ou seja, não é cumulativo como era a CPMF.
Por Que o Boato da CPMF Nunca Morre?
Porque é fácil de arrecadação fácil e rápida. Em crise fiscal o governo olha para o volume de transações (R$ 90 trilhões/ano só em Pix em 2025) e saliva. Alíquota de 0,2% já daria cerca de R$ 180 bilhões por ano. É dinheiro que entra todo dia sem precisar correr atrás de sonegador.
Todo governo que tenta é queimado politicamente. Bolsonaro vetou em 2019, Dilma perdeu em 2007, Temer desistiu, Lula em 2025 também recuou do IOF maior. O custo político é altíssimo e o benefício eleitoral é zero.
Projeção conservadora: se houvesse CPMF de 0,38% em 2026 (hipótese zero), o custo médio por família seria de R$ 1.200 a R$2.800 por ano só em transações normais (salário + contas + compras). Quem ganha até 3 salários mínimos pagaria proporcionalmente mais que quem ganha 20.
Se a CPMF Voltasse (Hipótese): Quem Perde e Quem Ganha
Perdem sempre:
- Classes C, D e E → mais transações em dinheiro vivo ou Pix pequeno valor → maior peso relativo.
- Pequenos empresários → margem menor, repasse para preço final.
- Autônomos e MEIs → toda entrada e saída taxada.
Ganham:
- Governo federal (arrecadação imediata).
- Bancos (maior spread para compensar perda de receita com tarifas).
Caso real recente: quando o governo aumentou IOF em 2025, o custo médio do cheque especial subiu 8 pontos percentuais em 30 dias. Bancos repassam tudo.
Estratégias Práticas Para Você Não Ser Pego Desprevenido
- Use Pix sempre que possível — até novembro/2025 continua isento.
- Concentre saques: saque maior de uma vez só reduz incidência se imposto voltar.
- Prefira débito em conta ou transferência entre contas do mesmo titular (geralmente isentas na antiga CPMF).
- Tenha conta em corretora: movimentação interna de investimentos nunca pagou CPMF.
- Acompanhe o Congresso: projetos de imposto sobre transações aparecem com nome diferente (Imposto sobre Pagamentos, Contribuição sobre Transações etc.).
| Característica | CPMF (2007) | IBS/CBS (a partir 2027) |
|---|---|---|
| Base de cálculo | Movimentação financeira | Valor agregado (venda) |
| Cumulativo? | Sim (cascata) | Não (crédito pleno) |
| Regressivo? | Muito | Menos (cashback para baixa renda) |
| Arrecadação estimada 2026 | R$ 180 bi (0,2% hipotético) | Neutro (mesma carga atual) |
| Impacto no Pix | Taxado | Isento |
Perspectiva 2026–2030: Meu Cenário Mais Provável
Não teremos CPMF em 2026. O custo político é proibitivo em ano de eleição municipal e com Lula precisando manter aprovação popular alta para 2026 presidencial. O governo vai preferir cortar gastos (já anunciou R$ 30 bi para 2026) e aumentar tributação sobre grandes fortunas, apostas esportivas e dividendos — medidas já em tramitação.
O risco real é o IOF ir subindo gradualmente como “gambiarra” (palavra usada pelo próprio Haddad em entrevista ao Valor em outubro/2025). Já está em 4,5% em algumas operações de crédito PJ. Pode chegar a 6–7% em 2027 se o déficit fugir do controle.
Conclusão: Não Entre no Pânico, Entre em Ação
Em novembro de 2025 a CPMF não volta em 2026. O que vem é a reforma tributária do consumo com IVA dual, que é estruturalmente melhor que a CPMF. O imposto sobre movimentação financeira morreu politicamente — pelo menos até a próxima crise fiscal grave.
O que você pode fazer hoje:
- Acesse o Portal da Transparência e veja quanto o governo gasta com juros da dívida (R$ 2,3 tri em 2025) — é aí que está o verdadeiro problema, não na sua conta corrente.
- Baixe o app da Receita Federal e simule seu futuro imposto com IBS/CBS (já disponível para 2026).
- Abra conta em corretora com isenção de IR em alguns produtos de renda fixa — quanto menos movimentação bancária tradicional, menor o risco futuro.
- Participe das audiências públicas da reforma tributária no seu estado — sua voz conta na definição das alíquotas finais do IBS.
- Monte sua reserva de emergência em aplicação com liquidez diária fora do bancão — se um dia vier imposto sobre transação, você já está protegido.
Seu dinheiro agradece calma e estratégia, nunca pânico.
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Marcadores/Espaço Temático: Finanças contextualizadas para o cenário brasileiro, Educação Financeira em Geral, Estratégias Financeiras, Geopolítica Financeira, Finanças Pessoais, Investimentos, Negócios.
Sobre o Autor
Mateus S. Feitosa é Estudante Ávido e Entusiasta do Mundo das Finanças, com cinco anos de experiência como Especialista em Geopolítica Financeira, Finanças Pessoais, Educação Financeira em Geral, Estratégias Financeiras, Finanças Descentralizadas, Inteligência Financeira, Investimentos e Negócios.
Dedica-se a traduzir a complexidade tributária e macroeconômica em linguagem acessível para o brasileiro comum, sem promessas falsas nem sensacionalismo.
Fontes Consultadas
Legendas e Imagens
Imagem de capa: Brasileiro preocupado com contas e impostos - Unsplash "tax stress brazil"
Gráfico histórico CPMF: https://www12.senado.leg.br/noticias/imagens/cpmf-grafico
Diagrama IVA Dual: https://www.taxgroup.com.br/wp-content/uploads/2024/07/novo-modelo-iva.jpg
Tabela comparativa: Gerada pelo autor Mateus S. Feitosa.
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